No Brasil, apenas 55% dos adolescentes têm todos os dentes. Entre
os adultos, a falta de dentes afeta 54% da população e 10% dos idosos.
Ao todo, são 30 milhões de brasileiros desdentados. Desses, oito milhões
precisam de prótese dentária completa.
Os dados são de uma
pesquisa sobre saúde bucal, feita pelo Ministério da Saúde no início
deste ano. O trabalho mostra que é alta a média nacional de dentes
cariados, obturados e perdidos. Mostra também que a população tem pouco
acesso a serviços odontológicos públicos.
Com base na pesquisa, o
governo federal lançou hoje o programa Brasil Sorridente, destinado a
distribuir dois milhões de kits com escovas de dente e creme dental,
ainda neste ano, para 500 mil alunos da rede pública. O investimento do
governo deve ser de R$ 1,2 bilhão até 2006. O programa prevê a
construção de 354 centros odontológicos com laboratórios em municípios
estratégicos. E vai também entregar 559 consultórios para as equipes de
saúde bucal do Programa Saúde da Família.
A falta dos dentes
deixa o cidadão constrangido e o sorriso vem com dificuldade. Esse é um
problema que atinge, principalmente, a população de renda baixa. O
auxiliar de manutenção Manuel Messias, de 30 anos, acredita que o acesso
ao dentista até seja fácil, mas diz que o difícil é pagar o alto preço.
“A última vez que fui ao dentista foi em 94, para mandar fazer uma
ponte”, conta.
Hoje no país, 45% da população não têm acesso a
escovas de dente e 13% dos adolescentes nunca foram ao dentista. No caso
dos adultos, o índice é de 3% e chega a 6% entre os idosos.
Com
a implantação do Brasil Sorridente, o número de equipes de saúde bucal
deve dobrar. Em 2003 eram seis mil e agora, a meta do programa é ter 16
mil pessoas trabalhando na área até 2006. Outro objetivo é levar a
fluoretação a todos os municípios que têm estações de tratamento e
distribuição de água, mas que ainda não utilizam o flúor.
Segundo
o Ministério da Saúde, essa medida é simples e barata. A adição de
flúor na água encanada custa apenas R$ 1 por habitante por ano e é capaz
de reduzir em até 60% a incidência de cárie dentária. Hoje, somente 70
milhões de brasileiros têm acesso a esse benefício.
O presidente
do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Miguel Nobre, que participa
com o Ministério da Saúde da implantação do Brasil Sorridente, informou
que, no Brasil, existe um dentista para mil pessoas, um índice
considerado bom já que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda
que seja um dentista para mil e quinhentas pessoas. Ele disse também que
a prevenção ainda é a melhor solução. “O açúcar sempre foi o grande
vilão da cárie, mas o que não pode é consumir açúcar sem escovar os
dentes depois”, explicou.
O programa Brasil Sorridente vai
atender também casos de periodontia, cirurgias odontológicas, tratamento
de lesões bucais, ortodontia, próteses e auxílio no tratamento de
câncer bucal.
As informações são da Agência Brasil