Maus hábitos ao volante e falta de cuidado com
carro aumentam consumo de combustível
(Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Quando o assunto é consumo de combustível, não podemos perder de vista a manutenção periódica, a maneira de dirigir e o tipo de combustível.
Tem alguma dúvida sobre cuidados com o carro? Mande no espaço para comentários. As questões selecionadas serão respondidas em futuras colunas.
Veja a seguir dez principais razões que tornam o motorista um grande cliente do posto de combustíveis.
1) Esquecer das velas do motor
As velas fazem o mesmo papel do acendedor do fogão. Quem já não passou pela experiência de ficar apertando aquele botão e nada do fogo acender? E o cheiro de gás que fica dentro da cozinha?
Com as velas do motor acontece o mesmo: elas são responsáveis pela combustão da mistura ar-combustível que acontece dentro do motor.
Veja nova (à esq) e vela 'vencida'
(Foto: Denis Marum/G1)
Quando a faísca (arco voltaico que possui uma tensão de 20 mil a 30 mil volts) está fraca, parte do combustível não é queimada e acaba sendo expelida pelo escapamento.
Alguns problemas podem diminuir a vida útil das velas, como o desgaste interno do motor ou a correia dentada fora de ponto, mas o mais comum é a má qualidade do combustível.
Na grande maioria dos veículos, as velas devem ser substituídas a cada 20.000 km. No momento da troca, aproveite para verificar os cabos de velas. Consulte o manual do proprietário, para saber a especificação e o prazo recomendado para substituição.
Carrinho com rodas tortas faz a gente se
esforçar mais, certo? Com o carro é igual
(Foto: Denis Marum/G1)
2) Rodar com o carro desalinhado
Quem faz supermercado já viu este filme: o carrinho de compras “desajeitado, que está com as rodinhas tortas e faz você sentir no braço o esforço extra. Com seu carro acontece o mesmo: quando as rodas estão desalinhadas, o consumo aumenta muito devido ao esforço extra do motor, sem falar no pneu que acaba mais cedo.
Este problema ocorre quando você pega muitos buracos ou encosta as rodas na guia durante as manobras. Você percebe que as rodas estão desalinhadas quando o volante puxa para um dos lados.
Se o carro possui direção hidráulica, este sintoma fica menos perceptível. Por isso, é essencial fazer a verificação do alinhamento da suspensão a cada 10.000 km.
3) Rodar com pneu murcho
Outro dia observava um posto de gasolina: ele possuía cinco bombas de abastecimento e apenas um calibrador de pneus. Este fato demonstra que, infelizmente, não temos o costume de calibrar os pneus. Porém, o consumo de combustível aumenta 15% para 4 libras a menos de pressão. Manter os pneus com a pressão correta, além de economizar combustível, prolonga a vida útil dos pneus e exige menos da suspensão e da direção.
4) Deixar de trocar filtros
Filtro de ar sujo impede a entrada de ar, assim, parte do combustível não será queimada devido à falta de oxigênio na mistura. O mesmo acontece com o filtro de combustível: quando entupido, ele também altera a relação ar-combustível, conhecida pelos técnicos como relação estequiométrica.
Os filtros têm um custo baixo e devem ser substituídos a cada 10.000 km. Se você pega estrada de terra com frequência, é bom verificar o filtro de ar a cada 5.000 km.
Porta-malas virou depósito? Cuidado (Foto: G1)
5) Fazer do porta-malas uma dispensa
Muita gente faz do porta-malas do carro um “quartinho da bagunça”, transportando peso desnecessário e, consequentemente, fazendo o carro consumir mais combustível.
Outros motoristas, quando vão viajar, esquecem que no destino também tem supermercado e lotam o carro com engradados de bebidas, mantimentos, enfim, vários itens que poderiam ser adquiridos na cidade de destino.
Dar carona é uma atitude louvável, desde que seja para deixar outros carros na garagem, pois três pessoas a mais representam, em média, 200 kg de peso extra, gerando um aumento de até 20% no consumo.
Bagageiro no teto pode ser útil, mas prejudica
a aerodinâmica (Foto: Denis Marum/G1)
6) Usar 'penduricalhos' no carro
As montadoras investem muito dinheiro para reduzir o coeficiente de aerodinâmica ou coeficiente de penetração (o Cx), que é um numero que indica o quanto a carroceria do seu carro oferece de resistência ao vento.
Alguns acessórios/bagagens que no teto dos veículos devem ser evitados: racks, bagageiros, pranchas, bicicletas. Eles aumentam a resistência do carro ao vento. Isso também acontece quando deixamos os vidros abertos. Para ter uma ideia do que representa a resistência ao vento, experimente colocar a mão para fora da janela a 80km/h.
Nas picapes, o ideal é instalar uma capota marítima nas caçambas. Quando descobertas, elas também prejudicam o desempenho.
7) Ter 'pé pesado'
Se você fica ansioso pela luz verde no semáforo e se sente um piloto a instantes da largada, trate de mudar de personagem se quiser economizar combustível. Faça como a maioria dos taxistas: não dê arrancadas bruscas. Quando for sair com o carro, imagine que tem um aquário (com água) preso no teto do veículo e vá com calma para não "derrubá-lo".
Não estique as marchas: uma das funções do conta-giros do painel é dar subsídio ao motorista para conseguir a maior velocidade com a menor rotação do motor.
Outro indicador de que se está gastando muito combustível é quando as pessoas reclamam que ficam enjoadas ao andar com você ao volante. Isto acontece quando o motorista acelera e freia constantemente. Administrar o trânsito à frente é uma boa maneira de economizar: quanto menos você tiver que pisar no freio e usar a primeira marcha, menos combustível gastará.
Para fechar o assunto dos "pés pesados", quem possui carro automático deve procurar fazer com que ele mude a marcha com o aumento da velocidade e, não com o aumento da rotação do motor. Como? Ao sair, aperte o acelerador até a metade do curso e mantenha-o nesta posição: você perceberá que o veículo ganhará velocidade e trocará as marchas sem que precise pressionar mais o pedal do acelerador.
Luz de injeção acesa: sinal de alerta
(Foto: Denis Marum/G1)
8) Ignorar a luz da injeção acesa
Se a luz da injeção acender no painel, corra para o mecânico, pois o sistema de injeção entrou em estado de emergência, ele detectou pane de algum sensor.
Para que o motor não apague no meio do trânsito, o módulo da injeção utilizará um valor médio de sua memória para substituir a informação do sensor danificado, permitindo que você siga viagem. Porém, este recurso acaba gerando alto consumo de combustível.
9) Escolher caminhos com mais curvas e semáforos
Experimente empurrar seu carro com o volante reto, depois faça o mesmo com o volante todo esterçado. No segundo caso, o esforço será muito maior. Se você não mora em cidades grandes e tem a opção de escolher, evite caminhos com muitos semáforos, curvas e trânsito: nem sempre o caminho mais curto é o mais econômico.
Também não precisa passar calor, mas tem gente que anda sempre com o ar-condicionado do ligado: este acessório consome em media 15% a mais de combustível, use com moderação.
10) Usar combustível de má qualidade e 'confundir' o carro flex
Para economizar ao máximo, evite dividir o tanque entre etanol e gasolina: utilize um ou outro. Quando você mistura, o sistema de injeção perde um tempo para definir a relação ar-combustível ideal e, nesse intervalo, o consumo acaba aumentando. Prefira esperar o ponteiro chegar à reserva e encha o tanque com um deles.
No entanto, ainda que você siga todas dicas anteriores, a má qualidade do combustível poderá resultar em até 30% a mais de consumo.
Densímetro na bomba de etanol
(Foto: Denis Marum/G1)
Se você utiliza etanol, dê preferência para postos que possuam o densímetro ao lado da bomba. Se prefere gasolina, a tarefa é mais difícil: não podemos generalizar, mas via de regra, a gasolina de má qualidade já é percebida na saída do posto. O motor fica com pouca potência, dá a impressão de que o pedal do acelerador fica "borrachudo"...
O mau cheiro nos gases do escapamento é outro indicador. Porém, não prejulgue o posto de combustível: o mau cheiro no escapamento pode ser um problema no catalisador.
Os equipamentos que fazem análise de combustíveis são caríssimos. Meus colegas engenheiros que me desculpem, mas aqui vai uma dica prática: na década de 70, quando íamos com nossos pais abastecer o carro, o cheiro da gasolina era muito forte, as pessoas que estavam dentro do carro ficavam nauseadas... A gasolina boa tem cheiro forte. Então, se você entrar em um posto de combustíveis e notar que o cheiro é forte o suficiente para incomodar, pode encher o tanque.
Dono de oficina em São Paulo, Denis Marum é formado em engenharia mecânica e tem 29 anos de experiência com automóveis. Nesta coluna no G1, dá dicas sobre cuidados com o carro.