Para Steve Jobs, fundador da Apple, a criatividade era “apenas conectar as coisas”. O educador especialista em comportamento e criatividade Phil Beadle vai na mesma linha. Para ele “é a capacidade de identificar o potencial no produto de conectar coisas que normalmente não combinam que marcam a pessoa que é verdadeiramente criativa”. Já a escritora norte-americana Maya Angelou dizia que não sabia explicar a criatividade, mas tinha uma certeza: "quanto mais você a usa, mais você tem".
Todo mês de abril, no dia 21, é comemorado o Dia Mundial da Criatividade. Em tempos de isolamento social devido ao coronavírus, muitos profissionais da área de criação – e outros no geral - tiveram que se adaptar a uma nova rotina.
A gente já falou com alguns professores sobre como tem sido esse momento de estimular os alunos a não perderem o foco. Agora listamos dicas de profissionais que contaram como estão lidando com a pandemia e o que estão fazendo para não perder a criatividade de vista.
“Para quem tem menos demanda de trabalho, agora é uma boa hora para se cobrar, mas não a ponto de isso virar uma frustração. Esse ócio criativo é algo que eu realmente acredito. Se você se permite não pensar em nada, muitas vezes as grandes ideias nascem daí. Você tem que esvaziar a mente para encher isso de alguma forma. Não adianta fazer só por fazer e não dar em nada. Tem esse tom de emergência, mas não precisamos preencher todo o nosso tempo. Pensar ou agilizar algo que você vá fazer depois também é válido. Não precisa mostrar para o mundo que está o tempo todo ocupado. Use o tempo de maneira inteligente”.
Jessica Andrade em seu atelier
Todo mês de abril, no dia 21, é comemorado o Dia Mundial da Criatividade. Em tempos de isolamento social devido ao coronavírus, muitos profissionais da área de criação – e outros no geral - tiveram que se adaptar a uma nova rotina.
A gente já falou com alguns professores sobre como tem sido esse momento de estimular os alunos a não perderem o foco. Agora listamos dicas de profissionais que contaram como estão lidando com a pandemia e o que estão fazendo para não perder a criatividade de vista.
ESVAZIE A MENTE
A produtora Raquel Fukuda não sentiu grandes mudanças na sua rotina, pois já trabalhava boa parte do tempo no esquema homeoffice e lidando com outros profissionais que também já tinham certa disciplina no trabalho online, como ilustradores, animadores, entre outros, mas ela entende que para uns, o momento longe do ateliê, do estúdio, da escola ou de outros locais de criação e troca acabam atrapalhando a rotina criativa.“Para quem tem menos demanda de trabalho, agora é uma boa hora para se cobrar, mas não a ponto de isso virar uma frustração. Esse ócio criativo é algo que eu realmente acredito. Se você se permite não pensar em nada, muitas vezes as grandes ideias nascem daí. Você tem que esvaziar a mente para encher isso de alguma forma. Não adianta fazer só por fazer e não dar em nada. Tem esse tom de emergência, mas não precisamos preencher todo o nosso tempo. Pensar ou agilizar algo que você vá fazer depois também é válido. Não precisa mostrar para o mundo que está o tempo todo ocupado. Use o tempo de maneira inteligente”.
PROVOQUE AS IDEIAS COM O QUE TEM À MÃO
Jessica Andrade é designer, educadora artística e autora do projeto Derivas Urbanas (você encontra no Instagram e o podcast no Spotify). Esses dias de isolamento tiraram ela do seu principal local de estudo: a rua. "Nunca tive minha rotina de trabalho toda pautada no ambiente doméstico. O grande desafio de trabalhar em casa é provocar dentro de alguns metrôs quadrados o movimento de ideias, de encontro, de texturas e alteridade que só o espaço externo te proporciona. É preciso aproveitar o acervo interno e usá-lo”, diz ela.Jessica Andrade em seu atelier
Ela comenta que umas das coisas que a ajudam na organização das ideias e da rotina é usar um planner, sem deixar de lado “tomar sol, olhar o céu e ouvir uma canção”. Mas e como provocar essas ideias e esse nosso acervo interno? “Agora o seu melhor laboratório e ateliê é você. Crie atividades de observação, exercícios experimentando técnicas, descubra os seus interesses e os explore, não com a rigidez e a disciplina que os ambientes acadêmicos e profissionais exigem, mas como algo que te trará o prazer da descoberta”, diz ela.
“Trago o exemplo de Frida Kahlo, que com as devidas ressalvas, seu trabalho é fruto, de certa forma, de um ‘isolamento’. Depois do acidente e da impossibilidade de caminhar o seu quarto virou seu lugar no mundo. Aproveite os materiais disponíveis em casa para uma colagem, um desenho, uma fotografia, agora, você não precisa provar nada para ninguém, no final da quarentena não vai ter um concurso dos melhores projetos desenvolvidos no isolamento. Agora, uso a frase de Sophie Calle em sua exposição no Sesc Pompéia em 2009: CUIDE DE VOCÊ”.
CRIE ALTERNATIVAS PARA MANTER AS IDEIAS GIRANDO
Renato Sansão, gerente de produtos da Record Multiplataforma, conta que a pandemia afetou bastante o seu rendimento devido à preocupação com o momento atual. A rotina criativa também sofreu mudanças. "A melhor forma de resolver o problema quando você trabalha com criação é sair do problema. É dar uma volta, ver uma exposição, ver uma peça, ver as pessoas. São essas coisas que tiram a gente do problema e trazem a solução", comenta ele.E como bombear as ideias sem esse contexto? "Ouço um podcast, que tem conteúdo bacana, assisto ao TED Talks, para abrir a cabeça em relação a alguns assuntos, e tenho feito lives e conversado bastante com amigos e família. Isso me tira da bolha que virou a nossa casa", diz.
Para ele, a dica é "tentar criar uma rotina, se puder andar no quarteirão com sua máscara, se alongar em casa, aproveitar palestras e cursos online, é uma época boa para aprender línguas e, por fim, aproveitar para ver conteúdos que você gosta, filmes, séries... a gente nunca teve uma entrega de entretenimento tão rica, tantas plataformas ao preço de um ingresso de cinema por mês. É bom para manter a mente fresca e as ideias girando".
FAÇA ALGO POR DIVERSÃO
Gih Zanettim, UI Designer na Gauge e aluna da turma do curso de Direção de Criação Digital da EBAC, conta que criar uma disciplina diária é fundamental para manter o foco e a criatividade, como ter um lugar da casa para trabalhar, não passar o dia de pijamas e controlar o número de notícias que ela lê. Mas, foi num desafio do Instagram que ela encontrou diversão nessa quarentena, exercitando um lado artístico de um jeito despretencioso.Um dos desenhos de Gih Zanettim no desafio de 20 dias
"Existe aquela brincadeira de que nem todo o designer é desenhista. E no mês de outubro tem o desafio no Instagram que é o #inktober com desenhistas muito bons. E nessa quarentena uma ilustradora que eu sigo lançou um desafio para desenhos simples como xícara, cachorro, óculos e eu peguei para fazer esses desafios de 20 dias e conclui. Foi revigorante. Fazer um desenho que não é para ninguém, que é para eu postar, sem cobrança em cima e isso me ajudou muito estimular o lado criativo mesmo na quarentena. E acho que vou continuar agora. Nem tudo o que a gente desenha precisar ser um design. É um bom momento para aprender coisas não só para a sua profissão. É hora de curtir um pouco".
NADA É UM ERRO. EXPERIMENTE
Deixar-se livre para criar talvez seja a principal dica para estimular a criatividade. É nisso que acredita o professor Carlos Pileggi, coordenador do Year Zero: Foundation Art and Design. Ele cita um dos materiais com o qual gosta de trabalhar a questão, o texto as "Dez Regras para Estudantes, Professores e a vida" que Corita Kent escreveu juntamente ao compositor e artista John Cage. Trata-se de um modelo para alimentar o espírito criativo e os processos de experimentação dos designers e artistas. Entre os ensinamentos (veja abaixo) ele destaca dois para os dias de hoje: “considere tudo um experimento” e “nada é um erro. Não existe ganhar ou perder. Só existe fazer”.
Fonte https://ebac.art.br/about/news/5975/
Postado por Antônio Brito
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